Pedalando por ai...


Confesso que minha aventuras de ciclismo começaram a uns 2 meses... Iniciei leve. Daí fui modificando a bicicleta, adequando altura, garfo com suspensão, banco, pneus e aumentando as distâncias, o tempo e o suor.
Pouco antes do Ano Novo - pra ser exato, uma semana antes - comecei a ir, de onde moro, ao Centro de Búzios, dava uma parada na orla, bebia uma água e voltava.
Todo o percurso durava, ou melhor, dura, cerca de 50 minutos EM PEDALADAS COM RITMO MODERADO, sem muito esforço ou cansaço.
No primeiro dia, ao chegar na praça principal aqui do Centro de Búzios, por volta de 6:30 da manhã - sim, estou acordando e pedalando cedo para os que não crêem - dei de cara com vários grupos sentados nos bancos, mesas, ainda bebendo, loucos, com carros abertos, som nas alturas, dançando,vomitando... E por um segundo pensei:
- Pera aí! Hoje é terça-feira, são 6:30h da manhã de 21 de dezembro de 2010?
Continuei pedalando, dessa vez mais lentamente, e me lembrando do percurso que acabara de fazer na estrada. O tempo estava meio frio, nublado, lojas fechadas, poucos carros na rua, padaria abrindo... Mas, para minha surpresa, a praça estava como o dia fosse um sábado a noite de um verão de 40 graus. Ao virar na rua à esquerda, seguindo para a famigerada “Orla Bardot”, me deparo com um grupo vindo em direção contrária. Mulheres com salto alto na mão, vestidos sujos, tropeçando, caindo, roupas íntimas à mostra... Num outro grupo, mais à frente, um cara de cueca, no colo dos outros que lhe davam um “banho de whisk”. Mulheres, bonitas mulheres, se escorando umas nas outras para o “Sudoeste não jogá-las no chão”. Passo por eles e uma diz:
- Hei, me leva de bicicleta, moço?? (com olhos virados, fala embolada e ‘tomara-que-caia mais que caído’). Enquanto os outros do grupo vinham segurá-la:
- Sai daí Renata, porra!!!
Chego à Rua das Pedras, à Orla Bardot, e, pra minha surpresa - e também ignorância - percebi que havia dezenas desses que saiam da discoteca Privilège, ainda aberta e tocando Trance em alto som. Aquela imagem pra mim foi de- como posso dizer ou achar palavra melhor? - “TOTAL Sodoma e Gomorra”. Inúmeras garrafas de ‘long neck’ quebradas no chão, carros com alto som e portas e porta-malas abertos, homens e mulheres se agarrando e se beijando na parede, abaixando as calças. Quatro casais no mesmo carro, parado, som alto e mais um, na mala, deitado em seu próprio vômito, enquanto os amigos faziam uma ‘ leve brincadeira’ com elas no veículo. assim como essa visão, o Sol já estava forte , o dia com cara de praia e as pessoas, sem o mínimo sentido das coisas, bom senso ou afins, coisas que o próprio álcool deve estirpá-las.
Engraçado pra mim fora ver como é o ‘outro lado da moeda’... Eu ali, lúcido, tranqüilo, bebendo água, pedalando, antes das 7 da manhã, e indo na contra-mão da madrugada, com adolescentes e adultos cuja noite ainda não tivera acabado. Como era curioso perceber que eles não me percebiam, ou não percebiam os pescadores que já chegavam com seus barcos lotados, não reparavam naqueles que já praticavam seu cooper matinal... Não! Eles não se davam conta de que a noite já tivera virado dia, e, obviamente, não paravam de beber... Carros saiam e iam até os postos “AM-PM” buscarem mais para que ficassem ali na rua mesmo. Bebendo, consumindo pó, “dedo de Hulk” e outras “cositas mais” (RISOS). Eu observava três caras que vinham em minha direção, abraçados, cantando algo que não dava para identificar. Eles gritavam e pulavam! O do lado esquerdo se soltou e começou a dançar sozinho “
- que som fodaaa esse que ta tocando!!! - ouvindo de algum carro próximo. Sozinho ainda, na sua dança se virou e deu de cara com uma árvore. Tentou se segurar, mas já era tarde... “Voou” pra dentro da água da Praia do Canto. Os “amigos” correram, rindo e se agacharam. Falaram mais meia dúzia de ‘abobrinhas’ enquanto o outro, com água pela cintura, tentava pensar em como sair dali.
No que estou observando - bastante curioso - o fim desse episódio, encostado na minha bicicleta, escuto um som mais alto - meio ‘Tum-tum-tum’ - atrás de mim. Olho então e vejo um carro conversível preto cujo modelo não identifiquei, com bancos de couro, capota de igual material, rodas enormes e um cara no volante e outro do lado com uma garrafa de Absolut pela metade e com a cabeça baixa. (Desse tipo de carro que só tem dois bancos, sabem?) Olhei pro cara. Ele me olhava... Desviei e o voltei a olhar pro retardado nas águas gritando:
- Mutliiiii, faça alguma coisaaaaaaaaaaaaaaa!!!(lembrei logo do antigo desenho animado que tinha esse personagem) Daí ressurge na minha visão o carro de dois bancos. O cara diz:
- Aí, irmão! Você aí grande, da bicicleta!” - disse embolado e sotaque paulista.
- Opa, eu?” – Respondi, virando em sua direção.
- Podes crer ‘fita’! Seguinte: quando que tu arruma uma ‘farinha’ pra nóis aqui?” - batendo o dedo indicador no próprio nariz.
E eu: - Pô parceiro... Te falar, não mexo com isso não...
Ele: “- QUAL FOI IRMÃO? Arruma aí um “pó” pra nóis irmão, dinheiro não é problema não!!! - falava ele, mais embolado ainda, enquanto abria sua carteira e deixava cair documentos, papéis e notas de R$50,00 dentro do carro.
Eu: -Parceiro, se liga só, EU NÃO MEXO COM ISSO, tá ligado? Eu NÃO VENDO essa parada, e EU NÃO QUERO SEU DINHEIRO!
Ele, insistindo: - Porra, ajuda ‘nóis’ aí! Onde que eu arrumo aqui?
Depois de pensar por alguns segundos, apontei pra frente:
- Você tá vendo aquela árvore lá?? Do lado daquele quiosque Azul e Branco?”
Ele: “- Tô ligado...”
Eu continuei: - Vai lá, deve estar fechado, mas pode bater na janela q o maluco que mora ali dentro tem, ele sempre arruma aí pro pessoal.
O cara, feliz da vida:
- Putzz!!! Valeu irmão, tu é ‘fita nossa’!!! - e saiu arrancando com o carro. A essa altura eu já pensava:
É... Vou me adiantar logo, antes que o maluco chegue até a árvore e fique igual a um retardado batendo na janela do quiosque dos outros, esperando ser atendido por um ‘vendedor de drogas’ que não existe - bom, pelo menos ali dentro não – e dei um leve sorriso.
Enquanto pedalava na volta, vinha eu pensando que eu estava era mesmo na hora e no local errado... O cara entrar numa de que eu vendia o bagulho... cara,é impressionante como essas coisas acontecem comigo!!!
Parei na loja do posto de gasolina, já perto da estrada, pedi uma água e, não mais para minha surpresa, mais alguns carros parados e mais gente ainda bebendo, vomitando, caindo pelo chão e ouvindo Funk , Dance, Trance... Tudo nas alturas! Enquanto chegava próximo do balcão fui abordado por um maluco barbudo, com cabelo grande e bagunçado, piercing na boca e nos olhos, camiseta vermelha do ‘CHE’, bermuda suja e tênis All Star.
Acabei pensando com preconceito: “Pronto, esse agora vai perguntar se vendo maconha.” E com os olhos vermelhos, trincando os dentes, colocando a mão no meu ombro, ele disse:
- Bicho... Eu te conheço?
Eu: - Depende do que você vê!
E o cara: - Sim bicho, eu te conheço...
- Pô, que parada... Foi mal, não tô lembrando de você - disse eu, me esquivando e já pedindo minha água.
Ele insistiu: Cara, eu te conheço! - falou, olhando na minha cara.
Olhei bem na “fuça” daquele maluco
- Parceiro, se liga, acho que a gente não se conhece não, tu tá falando merda aí, eu tenho que “meter o pé!
– LEMBREI VOCE É O CARA QUE APRESENTAVA O VIDEO SHOW, PORRA, AGORA É DJ!!! Você já até tocou aqui em Búzios! – disse ele, chamando um de seus amigos.
E eu, já subindo na bicicleta:
- Não mané, não sou eu não!
- ANDRÉ MARQUES” - disse, gritando, e os outros me olharam.
- Quanto que é água, parceiro? - perguntei rápido pro cara do balcão.
-R$1,50
- Putz, só tenho 1 Real.
- 1 conto? Pro ‘André Marques? eu faço po! - disse, rindo ironicamente, o balconista.
E o maluco da camisa do ‘CHE’:
- Que viaaaagemmm te encontrar aqui! Olhei pra moeda de 1 real, pensei no que o cara do balcão falou... “Um conto”. É... Deve valer um CONTO essa pedalada de hoje..
- Valeu, parceiro! Fui!!!”
- Coe, André?? Volta aí, irmão!!! ANDRÉ, ANDRÉ, ANDRÉÉÉÉ!!!” –gritava o cara no posto
E eu, pedalando rápido meio que ‘fugido’:
- Vaiiii tomarrr nooooooo seu.........

Comentários

  1. Hugo
    Mijei de rir com tua crônica. André Marques foi foda! Cara, engraçado que quando cheguei aqui em Recife comecei a caminhar na beira do Capibaribe as 5:00h (acredite se quiser) e um dia, se não me engano uma quinta-feira passo em frente a um lugar (que para mim era uma borracharia) onde passava todo dia e tinha uma galera bebendo ainda mesmo com o dia claro (aqui amanhece as 4:30h) e o som alto Rehab (Amy Winehouse) e exatamente isso que vc disse ninguém me percebia ali caminhando. Mas vi o outro lado, pois sempre virei a noite (socando o sereno como diria o Gudo)e desta vez estava ali olhando com outro olhar. Evidentemente que na sexta fui descobrir este bar (Garagem) que foi um dos bares mais punks que já fui, rock1n1roll altíssimo, decorado com móveis velhos caindo aos pedaços, o dono servia cerveja, dava troco e ainda era o Dj. Mas o lugar lotado de gente bacana e bonita. E lógico, no sábado de manhã era eu quem estava ali as 6:00h alheio que a noite tinha ido embora há muito tempo.

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  2. é exatamenteeeee Cezarrrrr rs rs
    termos ESSE OUTRO OLHAR..e voce perceber que nesses casos os outros parecem simplesmente nao nos perceberem.
    eu me senti meio que..invisivel naquele meio.
    foi divertido e confuso
    e no final, com o lance da moeda de 1 real...
    1 conto..,pensei... haaaa vou escrever rs rs
    abraçaooo veio
    saudade de voce

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  3. koéé andreeeeeeeeeeeeee!

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    pohaa tá famosao maluco!!! rs rs

    ai tuas histórias são fodas maluco... muito bem narrada...
    realmente as coisas são impressionantes.. hj em dia ver como as pessoas perdem tempo.. noites de sono.. madrugadas com paradas q nao tem nada a ver..

    mas ai.. vo te falar.. qndo tu mandou a do quiosque azul e branco pensei logo.. caralho.. mandou os caras pra cabine da policia.. vai dar merda..
    vagabundo vai te moer ai mane.. rsrsrs

    Forte Abraço meu parceiro!

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  4. huahuahuHUAHUAHUAUHhuahauhuhUHUAhuahuahu
    kraiii podes crer.. cabine azul e branca é da PM
    ahuahuahuahuahuahu
    nem tinha me ligado rs rs
    mas seria uma boa mesmo 'jogar aqueles plays pra pm' rs rs
    abraçao e muitooo gratooo pelos comentarios
    pelo seu gostar dos meus contos,cronicas e afins
    rs

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  5. andré, pro seu governo era vc q tocava na própria privilège!!!!! a gente já 'se manobrava naquela época', mas cê nem me contou, cara! guardou a sete chaves só para 'ganhar/ou seria contar um conto'? hahahahahah!!! te amo, amor! mais uma vez, parabéns pelo bom humor e pela criatividade contagiantes!

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  6. Huauhahuauhahuauhuhauauuhahuuhuha, é a cara do cara!

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  7. Irado, irado, iraaado!!

    Tão acontecível contigo que, pra fazer o link com outra cisma impagável com sua pessoa, só faltou o maluco dizer "O maluco que andava com um carrapato na cabeeeeeeça!!!"

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