RETRATO
Um garoto sentado no banco de uma praça com um violão no meio da tarde uma segunda feira era o retrato do acaso e do descompromisso mas com uma suavidade de despreocupação com a vida. Uma mulher pedindo dinheiro pra comprar um remédio pro filho doente era a imagem da pobreza e do sofrer na rodoviária daquela cidade grande. Um abraço do casal bem agarrado na despedida antes do embarque era a saudade materializada sendo extirpada. Uma gargalhada sem fim do senhor de idade com sua neta na pracinha do bairro,era a própria alma do amor encantado pelo ser. Uma árvore que balançava e soltava suas folhas, ainda envergada pelo vento forte que batia aquela tarde, era uma imagem de resiliência e do jogo de cintura da natureza. Uma discussão de bar sobre a vida, relacionamento e o tempo era filosofia de garrafão de vinho entre amigos naquele momento. Quando se parava lentamente para o observar os movimentos e retratos que se moviam daquele mundo, tentava-se guardar na memória como um qua...